terça-feira, 6 de maio de 2008

Onde dormem as estrelas



Boneca de trapos, mão pequena e suja
Uma moedinha, ou simples naco de pão
Vaga é a lembrança dos braços de uma Mãe
Olhos abertos de esperança apelando ao coração

Dois corações batem certo,
Ao compasso da saudade batem forte
Pés descalços fria rua
Duas pequenas almas na procura do seu norte...

Mas vejam as estrelas,
Luzeiros que a noite encerra
Iluminam todas as flores
E criaturas que há na terra

Para que não se percam na sombra
Nem o rumo da bondade faz de conta
Gritos, risos, cânticos de alegria, tanta fé...
Em murmúrios a miséria se aponta

Esperam docemente, estas duas pequeninas,
Que aconteça um milagre…Um encontro com o amor,
O mais forte que há na terra
O que à alma dá calor...

Um tambor, duas bonecas,
Uma flauta Melodia dolente e triste
Tocada no embalo da noite, chamando a ternura...
Pés descalços, dores sentidas,
Olhos de água, voz sumida, que pede apenas pão,
E o que quer o coração?
Eu sei! A noite sabe, cada pedra do caminho,
Folha rolando no vento, regato em desalinho...

- Olha as estrelas hoje estão mais brilhantes!
- E se dormissemos!?
- Se ao menos tivessemos uma casa, uma caminha...
- Adormecemos e quando a gente acordar já é outro dia.
- Vou tocar a música que a nossa Mamã me ensinou, vou tocar para as estrelas...
- Para as estrelas?
- Sim, sonhei que a nossa Mãe estava lá em cima com elas...

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