sexta-feira, 19 de junho de 2009

Fala-nos do AMOR ...




E alguém disse:

Fala-nos do Amor:

- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;

ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.

E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;

ainda que a espada escondida na sua plumagem

vos possa ferir.

E quando vos falar, acreditai nele;

apesar de a sua voz

poder quebrar os vossos sonhos

como o vento norte ao sacudir os jardins.

Porque assim como o vosso amor

vos engrandece, também deve crucificar-vos

E assim como se eleva à vossa altura

e acaricia os ramos mais frágeis

que tremem ao sol,

também penetrará até às raízes

sacudindo o seu apego à terra.

Como braçadas de trigo vos leva.

Malha-vos até ficardes nus.

Passa-vos pelo crivo

para vos livrar do joio.

Mói-vos até à brancura.

Amassa-vos até ficardes maleáveis.

Então entrega-vos ao seu fogo,

para poderdes ser

o pão sagrado no festim de Deus.

Tudo isto vos fará o amor,

para poderdes conhecer os segredos

do vosso coração,

e por este conhecimento vos tornardes

o coração da Vida.

Mas, se no vosso medo,

buscais apenas a paz do amor,

o prazer do amor,

então mais vale cobrir a nudez

e sair do campo do amor,

a caminho do mundo sem estações,

onde podereis rir,

mas nunca todos os vossos risos,

e chorar,

mas nunca todas as vossas lágrimas.

O amor só dá de si mesmo,

e só recebe de si mesmo.

O amor não possui

nem quer ser possuido.


Porque o amor basta ao amor.

E não penseis

que podeis guiar o curso do amor;

porque o amor, se vos escolher,

marcará ele o vosso curso.

O amor não tem outro desejo

senão consumar-se.

Mas se amarem e tiverem desejos,

deverão se estes:

Fundir-se e ser um regato corrente

a cantar a sua melodia à noite.

Conhecer a dor da excessiva ternura.

Ser ferido pela própria inteligência do amor,

e sangrar de bom grado e alegremente.

Acordar de manhã com o coração cheio

e agradecer outro dia de amor.

Descansar ao meio dia

e meditar no êxtase do amor.

Voltar a casa ao crepúsculo

e adormecer tendo no coração

uma prece pelo bem amado,

e na boca, um canto de louvor.



(Kalil Gibran)

Um comentário:

Valquíria Calado disse...

Olá amiga, confidenciarei se me permite um sentimento, uma duvida, por seu ponto de vista.
*
Voltei com vontade de encontrar
o tinha perdido no tempo
busquei tanto o encontro
entre luzes o achei
reconheci cada em cada flex
lembro do cheiro
de seus beijos
do toque
sinto seu sorriso
sei quando está bravo
vejo seus gestos
pressinto sua ansiedade
te reconheço...
te desejo com amor que conheço
conheço seu jeito de amar
como o conheço? Nunca o vi...
mas te reconheço e o amei numa eternidade, incompreensível a mim e a ti, eu te conheço amor sempre meu.

eu pergunto pode ser isso?
Existe amor?
Como se explicar amar quem
não se conhece?

Se possível me responde Claudia. Um abraço com paz e carinho